The only thing we are certain of after all these years is the insufficiency of explanation.

20/05/06

Quero-te só para mim


Não sei se vou aguentar muito mais tempo assim. Só de pensar que amanhã será outro dia como hoje, em que há de tudo menos aquilo que eu quero...nem sequer me dá vontade de rir sobre isso. Sim, é giro a maneira como te mostras, mas preferia algo mais directo. Ando já há meses às voltas sem conseguir resolver as tuas charadas, e mesmo assim acho que nunca vou conseguir. É que parece que sim, que é mútuo o sentimento mas... Mas nada. O sentimento não é mútuo. Tu vives assim alegre e contente, ris , sorris, vives a vida como queres e bem te apetece e nada parece afectar-te. oh, como gostava que isso me acontecesse a mim. Peço-te então ajuda. Mas só a tua. Não quero a dos outros. Essas não me interessam, embora que bem-intencionadas.
Quero-a só para mim e só de ti.

14/05/06

Pego numa caneta e num papel e escrevo


Chamam-me louca por dizer aquilo que não gostam de ouvir. Chamam-me louca por dizer sempre o que acho. Chamam-me louca por escrever sobre isso.


Deixei de me importar com isso. Pego numa caneta e num papel e escrevo. Escrevo e nada me vai fazer parar até chegar ao último ponto final. E que ninguém se atreva a julgar-me.

Ao menos faço o que quero. Tenho as minhas consequências, sim, é verdade.

Mas sabe-me tãão beem....

13/05/06

Vou mostrar que também sou capaz!


Entreguei a minha alma a um monte de folhas. Dei a conhecer ao mundo a minha vida e a maneira como reajo face aos problemas com que todos nos deparamos...mas nem todos os resolvemos. Tenho agora medo que saibam demais, que julguem, que pensem exactamente o contrário daquilo que escrevo e por isso, me censurem.

Ah, não quero saber. Toda a minha vida me fiz parecer algo que não era. Chegou o meu momento. O momento de me soltar destas amarras à minha volta, o momento de mostrar que também sou alguém, que também conto como pessoa neste mundo! Vou saltar pela janela do meu quarto e correr rumo á vida! Agora posso mostrar que gosto de pensar como penso, que gosto de falar como falo, julgar como julgo. E quem duvidar disso estará certamente enganado.

Vou mostrar que também sou capaz. Vou voar para além do imaginável e dizer que o céu é um sítio maravilhoso, que todos lá deviam ir...mas aí dirão: "Não temos asas para chegar a tal local!"

"Não precisei de asas para voar." - Desta forma mostrarei que vou conseguir.

06/05/06

visitas

Outra vez ao meu lado. Voltaste...mas eu não te chamei. Não queria, não podia voltar a suportar esta dor.
Desta vez estiveste mais perto do que nunca. Estiveste ao meu colo, por entre as minhas mãos. Não percebo porque me visitas tanto. Não gosto. Senti-te tão perto, tive tanto medo.
Mas foste embora. Levaste-a. Mas talvez tenha sido melhor. Ao menos sei que está mais calma, mais segura, num mundo melhor....

A morte faz-nos destas coisas.



05/05/06

Não sei o que sou

Não sei o que sou. Penso que sou algo mas depois esse pensamento desvaneia-se. Descubro que é muito difícil agradar, gostar, apreciar o que deve ser apreciado. É necessário dar valor às coisas quando elas o têm. Chego ao ponto de só me aperceber do que tenho quando estou prestes a perdê-lo, onde me dizem adeus com um sorriso na cara. Acabo por apreciar este sorriso com satisfação. Deixo cair uma lágrima. Percorre a minha cara e chega ao pescoço. Sinto o frio a molhar-me o pescoço e arrepio-me. Limpo a lágrima. Já fez o seu caminho. Já mostrou o que valia, o que valhia e o porquê de ter sido derramada.
É nestes intervalos de tempo em que me afasto de mim mesma em que descubro o que perco por ser quem sou e o que ganho por me afastar de mim mesma. Sei agora que a verdadeira essência da minha vida é ser o outro alguém quando o meu eu real dorme. Esse outro alguém é o meu verdadeiro eu, embora não o meu real eu.
Enquanto durmo, vagueio pela noite e subo até ao céu....vejo as nuvens e passo por entre as estrelas.
Ah! Lá está ela! A mais bonita de todas! Não me refiro à mais brilhante, mas sim à mais bonita. A mais pequena, mais afastada de todas...A sua forma misteriosa dá-lhe um valor bastante mais superior do que ás outras. Eu pelo menos dou-lhe mais valor.

Vejo-me agora reflectida em Alberto Caeiro, ou melhor dizendo, em Fernando Pessoa:

Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.