The only thing we are certain of after all these years is the insufficiency of explanation.
11/10/08
CTT
Sou uma casa com duas portas, que me permitem escolher o que faço entrar ou sair da minha vida. Sou composta de pequenas janelas que opto por abrir ou fechar, mostrar ou esconder, aceitar ou recusar. Tenho vários quartos onde coloco cada um dos meus convidados, e tranco muitas das portas desses quartos. Umas vezes para não os deixar fugir, outras por não os querer ver. A minha garagem está fechada mas cheia de carros, os futuros que tenho à minha frente. O sótão está cheio de velharias, passados que prefiro ignorar, e que assim guardo no mais profundo da casa.
Sou a anfitriã desta casa, faço de mordomo, empregada de limpeza, motorista, e de dono. Basicamente tenho quase o total controlo sobre toda a casa. Pena não ser o jardineiro para parecer uma casa mais bonita. Pena não ser o decorador de interiores para poder escolher os adereços que me farão mais agradável aos olhos dos convidados. Pena não ser o carteiro, e assim escolher as notícias que recebo e as contas que devo ao mundo. É pena ser tudo e, no fim, não ser nada. Não ser o importante. Não ser o que dá valor e beleza à casa. À minha vida.
Quero tentar trancar o sótão. Destrancar os quartos. Abrir a garagem. Despedir o mordomo, a empregada de limpeza e motorista. Contratar um jardineiro e um decorador de interiores.
(E talvez procure emprego nos correios.)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
ah gostei!!!
Enviar um comentário