Coração das Trevas

« - A sua última palavra - para viver com ela - insistiu. - Não compreende que eu o amava - amava?
Consegui dominar-me e falar pausadamente:
- A última palavra que ele disse foi - o seu nome.
(...)
Levantei a cabeça. O horizonte tinha um banco de nuvens negras atravessado, e o calmo caminho das águas, que leva aos confins da terra, corria escuro sob um céu sombrio - dir-se-ia que a levar-nos ao coração de infinitas trevas.»

Pg.144, O Coração das Trevas, Joseph Conrad , Editorial Estampa - Ficções


Por vezes, defontramo-nos com sábias escritas e sábias leituras onde o nosso interesse é levado para além da realidade, mas tenho que frisar que nem todo o tipo de livro me leva a fazê-lo. Depende da maneira como o autor o escreveu, o alinhou. Digo-vos que, um grande escritor, quando em escrita do seu maior romance, tenta despertar interesse e levar o leitor até terras desconhecidas. Nessas terras deparamo-nos com dois tipos de finais para o livro, e dessas, escolhemos uma. - Não é tão bom ler um livro e só mesmo na ultima frase descobrir o que realmente se passou? Sim, até que é bom. Mas (para mim) o melhor final é aquele que para o desvendarmos é preciso ler as entrelinhas, ou seja, não é apenas ir à ultima página do livro e saber. Nessa última página está a minha parte favorita. Onde o final já está escrito à muito tempo, e o livro é fechado com a "chave de ouro"(«a conclusão é o momento da frase lapidar, da interrogação. Em suma,(...) "fechar com chave de ouro"»). É como a cereja em cima do bolo. É o melhor do livro.